09/10/11

ALICE CAETANO


...a rapariga dança, dança no desfiladeiro das concertinas e dos pingos de novembro

que caem do alto sobre o seu vestido branco,

como pétalas do prodígio,
...

a rapariga dança, dança sob uma enorme folha de zinco

e em frente a um espelho maior do que a vertigem.

as mãos, abrem pântanos, com cortes em sangue

e transformam-se em facas de barro desaprumadas.

os pés, que pisam o barro, fecham os movimentos e fabricam a neve

dentro das concertinas.

é lindo o vestido que as sombras vão rompendo, aos poucos.

é lindo o cabelo que se prende nas limalhas.

são lindos os seus gritos, lacre da revelação.

e ela dança, dança sem cair, no hangar do júbilo.


in "Depois do Ninho, a Água" Editora Corpos 


 
poemas
e
não poemas

Nada a acrescentar.

 
 

1 comentário:

Mario disse...

É sempre um prazer entrar no TOQUE DE MIDAS e sentir esta brisa poética que enche a alma e consola os sentidos...
Tens alma de poetisa, Céu!

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