19/06/11

JOSÉ MARIA ALMEIDA


 

Há um menino perdido nos braços da minha alma.
Já viveu todas as idades e não se lembra de pai nem mãe.
Por isso se encolhe no meu colo cansado onde recebe os
 raios que eu recebo do sol que se põe e aí fica deitado,
fazendo-me companhia, conversando comigo em silêncio e
 em palavras que nunca pude entender.
Com o mesmo rosto brilhante recebe o dia e a chuva,
a noite e o frio e com eles brinca fazendo castelos que
 logo desfaz por não serem como ele quer.
Contou-me que nasceu numa aldeia muito antiga da
 qual já não há história, em que os homens (e também as mulheres),
 todas as noites se juntavam numa mesma musica que
 lhes saia do coração e pelas suas bocas subia às nuvens onde
 ficava a pairar e ainda três dias depois de podia ouvir desde que
 os nossos corações fossem tão puros como os deles.
À volta da aldeia havia verdes prados onde ele se deitava a
ouvir o sol nascer no canto das árvores que recebiam a
vida todos os dias como se fosse o primeiro.
Um dia, estava ele absorto nestas coisas e ouviu um silêncio profundo,
 pouco natural que só podia vir do fundo da terra e
quando olhou em volta a sua aldeia já não estava lá.
Parecia que a morte tinha batido às portas das casas e todos ao
mesmo tempo tinham corrido para ir abrir e ficado do lado
 de fora com as suas casas e tudo e ele ficou ali perdido, sozinho,
 na minha alma olhando as enormes escadas que se estendiam à
sua frente mas que não davam vontade de subir por não
 conduzirem a lado nenhum e por isso encolheu os ombros e voltou a
 deitar-se de cara virada para o céu a contar os minutos que
cresciam em horas sempre insatisfeitas: uma mais escuras que
 outras que logo a seguir davam lugar a outras radiosas ou
molhadas e depois vinham os dias, sempre a correr a fugir
 das semanas que desciam enroladas pelos meses abaixo e a pairar,
 sobre tudo isto, na sua imponente cadeira, os anos que
 olhavam para cima a ver a eternidade passar.

26 05 2011

José Maria Almeida

Não sou mais que um reflexo
das coisas que vivem em mim
e nessas coisas me perco
como uma ave no deserto
que sem norte não escapa à morte
de sede das coisas que vivem em mim
e nesse deserto das coisas em que me perco
nos reflexos minha sede sacio
em memórias que se aproximam
de uma alma que se constrói
no vazio que as coisas deixam
quando a verdade se foi.
Mas se vivo a vida
das coisas que em mim vivem
quem vive a vida que há em mim?

22 05 2011



2 comentários:

Odete Ferreira disse...

Adorei a escrita do Miguel...PARABÉNS!!! :)

brisa48@bol.com.br disse...

Te desejo nesta semana...

Paciência para as dificuldades
Tolerância para as diferencias
Benevolência para os equívocos
Misericórdias para os erros
Perdão para as ofensas
Equilibrios para os desejos
Sensatez para as escolhas
Sensibilidades para os olhos
Delicadezas para as palavras
Coragem para as provas
Fé para as conquistas
E amor para todas as ocasiões…

Que Você tenha uma Semana Maravilhosa!

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