13/04/11

ALEXANDRA MALHEIRO




Esta noite vou-te ler
um poema que escrevi,
não fala da lua cheia
nem de nada que já vi.
Não fala de mim nem ti,
não conta nenhuma história,
é apenas um poema
que transporto na memória.


Trago-o dentro de mim,
desde há tanto que nem sei,
não o dediquei a nada
que já vi ou que toquei.
Não fala do que passei,
nem de outra coisa qualquer,
é poema sem passado,
nem é homem nem mulher.


Nem é branco nem é preto,
não relata nenhum feito,
é talvez corpo sem alma
ou um esboço imperfeito.
Talvez verbo sem sujeito,
é um pedaço de nada,
como núvem passageira
por um pássaro rasgada.


Não é soneto nem ode,
nem sequer tem rima certa,
palavras soltas sem mote,
é um naufrago sem bote,
leito de água sem destino,
perdido no corpo teu
e em teus olhos de menino.




Alexandra Rodrigues Malheiro nasceu a 4 de Julho de 1972,
na granítica e cinzenta cidade do Porto – a raiz de todos os poemas.
 É natural de Miragaia e Bonfinense de coração onde cresceu e reside até hoje.
É licenciada em Medicina pela Universidade do Porto e
 especialista em Medicina Interna. É autora de “Sombras de Noite” (Elefante Editores -2004),
“Circulação Transversa” (Corpos Editora - 2005) , “A urgência das Palavras” (Edições Ecopy -2008) e "Luz Vertical" (Edita-Me Editora - 2009) tendo também participado na
 Antologia “Poesia SMS” (Elefante Editores - 2003), "Os dias do Amor" (Ministério dos Livros Editores - 2009), "Divina Música" e "Só à noite os gatos são pardos" (2010)
Colabora, de forma esporádica, com crónicas, em alguns jornais
.


 
 
 
 

3 comentários:

Unknown disse...

Um poema que nos afaga como uma brisa suave.
Não é promessa nem aviso é uma história para ouvir contada com palavras simples.

Mario disse...

Faltam-me palavras para comentar poemas de tão ilustre poetisa...
Parabéns Alexandra.... Parabéns Céu!

Silvino Figueiredo disse...

A poesia é uma varanda,
donde o talento se debruça,
vendo em baixo como o mundo anda
mais o engenho aguça!
xx

Figas de saint pierre de lá-buraque,
que a convida a considerar a participação no
Concurso de Declamação de Poesia (Mineiro Poético). Buscando na Net por "Mineiro Poético", encontra lá todas as informações.
Atenciosamente
Figas

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